Death Of A Bachelor conta uma história cronológica. Esse álbum é sobre Brendon Urie e sua transição de um homem solteiro (bachelor) para um homem casado. Lembrando que Urie é o vocalista, compositor e único membro original do Panic! At The Disco restante na banda.
Death Of A Bachelor – Panic! At The Disco | Minha teoria
Começamos com Victorious, onde ele fala sobre as festas com seus amigos. Seguindo para Don’t Threaten Me With A Good Time, onde vemos as festas ficando cada vez mais loucas. Depois passamos para Hallelujah, onde Brendon canta a frase “show praise with your body”, traduzindo “louve com o seu corpo”. Isso demonstra que ele está interessado apenas em sexo, sem se importar com nada nem ninguém.
Ele pensa que, por causa de sua fama, as pessoas vão aceitar e acatar qualquer coisa que ele pregar. Brendon está usando seu sucesso artístico para justificar suas ações, por isso ele canta “all YOU sinners, stand up, sing hallelujah”, traduzindo “todos vocês, seus pecadores, levantem-se e cantem Aleluia”. Ele está comparando seus fãs à ele mesmo, dessa forma ninguém poderá julgá-lo.
Tudo isso para demonstrar o quanto sua vida de solteiro definia a sua personalidade.
Ele está nos mostrando o antes, para chegar no depois. É como visualizar uma cena, ao ler um livro. Você consegue perceber que as festas, a bebida, as drogas, o sexo, tudo vai somando e criando uma bola de neve que cresce e resulta em seu egoísmo. O egoísmo de Brendon (personagem, não necessariamente a pessoa), se não estivesse claro até agora, fica mais explícito na próxima música, Emperor’s New Clothes. Principalmente, creio eu, por ser o único integrante original na banda.
“The crown, so close I can taste it”. A coroa são os holofotes, ele está sozinho no palco. Agora, o show é dele e ninguém mais importa. Só ele.
Porém, tudo muda quando ele encontra o amor.
Sim, Brendon Urie agora está apaixonado e tenta, com todas as forças, acomodar-se em sua nova vida de casado. Vemos isso na música que dá o nome do álbum, Death Of A Bachelor (traduzindo, seria algo como A Morte do Solteiro), mas também em Crazy=Genius (Louco Igual À Gênio). Ele percebe a mudança em sua vida, porém ainda é imaturo demais para realmente mudar. Vendo que existe algo dentro dele que deseja a sua vida antiga de volta, ele começa à “detonar” seu passado, em uma tentativa de menosprezá-lo para deixá-lo menos atraente.
Ele começa a obcecar com a ideia de reviver seu passado na música L.A. Devotee, um devoto à cidade de Los Angeles e tudo de mais insano que lá acontece. Ele percebe que seria impossível que tudo voltasse a ser como era antes, portanto ele se entristece, como vemos na música Golden Days (Dias Dourados).
Quebrando um pouco a cronologia da coisa para poder exemplificar melhor o que virá a seguir, faça um teste.
A próxima vez que assistir um filme, note que a cada meia hora vemos algo acontecer que mudará por completo a trama. Alguém dirá alguma coisa, ou seja lá o que for, de alguma forma, o filme muda seu rumo e percebemos aquela sensação de “o que será que vai acontecer?”. Não sei se truque é o melhor nome, mas isso é como um “truque de roteiro”, para nos deixar engajados na história. Tanto que, pode perceber, se achamos um filme muito extenso, é porque provavelmente ele demora mais do que meia hora para mudar o ritmo. Voltando ao que importa…
Logo em seguida, temos a segunda “quebra” no filme. Brendon se vê triste, obcecado com seu passado, fora de si por estar vivendo sua vida em torno de sua esposa. Portanto ele começa a reagir. Ele começa a por em risco seu relacionamento, em troca de viver mais uma vez de forma egoísta (The Good, The Bad And The Dirty). Vale lembrar que o título da música faz referência ao clássico de Velho Oeste, The Good, The Bad and The Ugly. Inclusive, a melodia que ele canta no começo é bem parecida com o famoso assovio de Clint Eastwood.
Tudo que é bom dura pouco e o que só parece bom dura menos ainda.
Urie é pego em flagrante e percebe que pode perder sua esposa. Ele se arrepende de não dar valor à sua mulher e fica com medo, pois não levou sua nova vida à sério. Percebemos isso pela letra que ele canta em House Of Memories. Se é para se separar, que ela se lembre dele com carinho:
“And when your fantasies become your legacy, promise me a place in your house of memories”
Também é interessante lembrar que ele está sempre colocando seu legado em jogo. Sempre mencionando como ele será lembrando: “You know legends never die”, como ele canta em Emperor’s New Clothes. As lendas nunca morrem. Brendon se encontra dividido entre ser lembrado como uma lenda viva ou manter seu relacionamento. Porém chega à conclusão de que sua personalidade não se resume à sua farra. Ele não é apenas o cara divertido que todos gostam e amadurece esse pensamento admitindo que seu casamento é surpreendentemente mais importante na sua vida do que esperava:
Letra: “I think of you from time to time, more than I thought I would. You were just too kind and I was too young to know. That’s all that really matters, I was a fool”
Tradução: “Eu penso em você de tempos em tempos, mais do que achei que ia. Você era apenas tão bondosa e eu era jovem demais para saber. Isso é tudo que importa, eu fui um tolo”
O álbum Death Of A Bachelor se encerra com a canção Impossible Year, que fala sobre contar toda a verdade para sua esposa e admitir que ele foi, de fato o culpado. Culpado pelos tempos difíceis, pelo “ano impossível” que eles tiveram, por causa de seu espírito egoísta e “solteiro”. Não abrir mão de sua mentalidade de solteiro quase destruiu seu casamento, e também transformou sua vida em praticamente um inferno, como ele conta na letra: “esses pesadelos se prolongam além dos sonhos”.
A moral da história é que você precisa abrir mão do seu passado.
Viva sua vida ao máximo, porém sempre abraçando as novidades. Aceite bem as mudanças que ocorrerem e não vive apenas em seu legado, em suas histórias. Seja grato pelas pessoas que te amam e fazem de tudo para vê-lo feliz.
Death Of A Bachelor – Panic! At The Disco | Review
Este é o 5º álbum de estúdio, 6º no total, da banda. Apesar do sucesso imenso que a banda teve nos projetos anteriores, eu acredito que esse seja o melhor álbum do Panic! At The Disco. Vemos aqui Brendon Urie em sua forma final, como o grande artista que é. Crescido tanto no pessoal quanto no profissional.
Apesar de A Fever You Can’t Sweat Out (1º álbum) ser uma obra prima, ele foi composto pelo antigo integrante da banda, Ryan Ross. Aqui, já podemos ver Brendon Urie livre, inclusive vocalmente falando. Esta é uma obra que, do começo ao fim, foi feita com um trabalho e um cuidado imenso. Na minha opinião, realmente uma obra prima. E você, o que achou? Gostou da minha ideia? Deixe seu comentário ou envie sua sugestão aqui.