Análise Vocal da Sweetener World Tour de Ariana Grande

Não é segredo para ninguém que Ariana Grande é uma das melhores vocalistas da atualidade. Assim como Michael Jackson, Ariana é uma mistura de talento nato e trabalho duro. A vocalista possui um timbre naturalmente impressionante, que muitas vezes se assemelha ao de uma diva das antigas. Mesmo assim a jovem continua trabalhando em sua voz, para cada vez mais se tornar excelente, como podemos ver se compararmos a evolução de seus vocais em suas turnês.

Hoje, à pedidos da Letícia, vou falar especificamente da turnê Sweetener World Tour, correspondente ao álbum Sweetener. Mas primeiro vamos falar brevemente das canções em estúdio.

O álbum Sweetener foi lançado em 2018, sendo o quarto álbum de estúdio de Ariana Grande. Na minha opinião pessoal, esse álbum se destaca não pelos vocais, mas pelo conteúdo. A artista ajudou a compor dez das quinze músicas presentes, tendo Pharrell Williams como compositor e também como produtor. Com uma dupla dessas, o álbum se destacou por ser totalmente pop e ainda sim substancial, com letras bem pensadas e mensagens importantes, como liberdade e self care.

Apesar do foco das músicas de Sweetener não ter sido o vocal, isso não faz de Ariana incapaz, muito menos indica um declínio vocal. Inclusive, talvez pelas versões de estúdio serem “fáceis” demais, é possível notar uma liberdade criativa enorme durante a turnê correspondente, o que nos leva, finalmente à Sweetener World Tour.

Análise Vocal da Sweetener World Tour de Ariana Grande

Essa turnê foi marcada pelo avanço vocal de Ariana Grande e pela criatividade de seus adlibs. Muitos dos problemas que Ariana possuía em sua voz, como a falta de cuidado com dicção e aparente tensão maxilar, simplesmente foram tirados da conversa. Em compensação, sua voz estava ainda mais aguda do que nunca.

Ariana é conhecida por seu conforto impressionante nos tons mais agudos humanamente possíveis, pois sua técnica de escolha é, de fato, um heady mix. Esse jeito de cantar costuma permitir um cantor atingir notas mais altas, porém normalmente sacrificando as frequências mais baixas da voz, que dão corpo ao timbre, resultando em uma voz mais cheia e, na maioria das vezes, mais agradável. Apesar dessa ser a relação normal de um heady mix (voz mista predominante de cabeça), Ariana Grande não aparentou perder o “corpo” da sua voz e, ainda sim, conseguiu subir o tom de quase toda música.

Isso indica uma evolução técnica vocal da artista, pois mesmo nos tons mais agudos, sua voz ainda se manteve com a mesma leveza de quando a cantora era adolescente. Para muitos isso pode parecer “a mesma voz”, mas na verdade se Ariana tivesse mantido a técnica que usava com 16 anos, hoje sua voz não teria o mesmo impacto, por um desgaste natural do instrumento.

Logo, podemos concluir que houve sim uma melhora em sua técnica vocal, mas acredito também que o foco da Sweetener Tour não tenha sido a técnica. Na verdade, o foco dessa turnê não parece ter sido nem as músicas cantadas, apesar do setlist ter sido incrível. O que mais impressionou foi a criatividade vocal de Ariana Grande, a sua musicalidade.

Eu mencionei anteriormente que as músicas do Sweetener eram relativamente fáceis, portanto a cantora simplesmente brincou de cantar durante os shows, descobrindo novos territórios conforme se apresentava. A canção Breathin é um bom exemplo disso…

No estúdio, sua nota mais aguda é um F5 (cantado apenas uma vez no climax da música), porém isso se provou fácil demais. Quando a turnê começou, Grande apresentou a música como no estúdio, porém show atrás de show, ela começou a brincar mais com a voz nesse climax, subindo cada vez mais o tom, até chegar em um riff de quase 15 segundos que sobe para um Bb5.

Essa liberdade também pode ser vista na canção God Is A Woman, que no estúdio chega à um F#5. Essa nota já é relativamente alta para Ariana, apesar de ridiculamente alta para nós, meros mortais. Mesmo assim, a artista se sentiu inspirada e começou a brincar com seu whistle register nessa música, subindo para um Bb6.

Eu poderia falar de cada música especificamente, porém passaria o dia inteiro escrevendo e o post inteiro apenas elogiando-a. A verdade é que essa é, sem dúvidas, uma das melhores turnês de Ariana Grande, se não a melhor até agora. Seus vocais foram quase impecáveis, o setlist foi incrível e o palco/figurino de cada música foi muito bem pensado.

Claro, nem tudo é perfeito. Ariana nunca impressionou muito nas notas baixas, perdendo seu timbre conforme vai descendo o tom e ganhando mais tensão. Apesar desse desconforto com as notas graves não ter sido tão presente nessa turnê, isso não se dá pela evolução de técnica, mas sim porque Grande evitou ao máximo as notas mais baixas durante a turnê, normalmente subindo o tom em algum riff novo. Claro, artisticamente falando, isso pode ser tanto um ponto positivo quanto um negativo, então deixo à critério de vocês julgar o que é mais importante, lembrando que cabe ao nosso conceito subjetivo apenas, jamais diminuindo a artista por uma escolha artística de sua própria obra.

E você, o que achou da Sweetener World Tour? Se quiser conferir, Ariana lançou um álbum ao vivo dessa turnê, disponível em todos os serviços de streaming e até mesmo no Youtube. Eu recomendo salvar todas as canções em sua playlist e também confira o post de análise vocal da cantora aqui. Até a próxima!

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